terça-feira, 22 de dezembro de 2009

A Literatura em Cesario Verde

Poeta português, também conhecido como “Poeta do Olhar”, foi escritor de uma poesia descritiva em que utilizava sempre em seus poemas o impressionismo. Além disso, utilizava-se da impessoalidade e das paisagens locais para traduzir estados psicológicos dando espírito aos objetos. Cesário Verde preocupava-se bastante em apresentar o quotidiano da realidade de uma forma realista, clara, objetiva e concreta. Ao descrever o mundo com objetividade, tentando captar os mais ínfimos pormenores, o poeta almejava transmitir percepções sensoriais e partir para uma subjectividade sóbria. Utilizando uma linguagem repleta de sinestesias, metáforas, comparações e paradoxos, como muito veremos no poema “Impossível”, Cesario mostra sua recusa ao casamento religioso, onde nos é possível a percepção da inserção de uma visão de mundo inicialmente moderna.


Impossível

Nós podemos viver alegremente,
Sem que venham, com fórmulas legais;
Unir as nossas mãos, eternamente,
As mãos sacerdotais.

Eu posso ver os ombros teus desnudos,
Palpá-los, contemplar-lhes a brancura,
E até beijar teus olhos tão ramudos,
Cor de azeitona escura.

Eu posso, se quiser, cheio de manha,
Sonhar, quando vestida,p'ra dar fé,
A tua camisinha de bretanha,
Ornada de crochet.

Posso sentir-te em fogo, escandecida,
De faces cor-de-rosa e vermelhão,
Junto a mim, com langor, entredormida,
Nas noites de Verão.

Eu posso, com valor que nada teme,
Contigo preparar lautos festins,
E ajudar-te a fazer o leite-creme,
E os mélicos pudins.

Eu tudo posso dar-te,tudo, tudo,
Dar-te a vida o calor, dar-te cognac,
Hinos de amor, vestidos de veludo,
E botas de duraque.

E até posso com ar de rei, que o sou!
Dar-te cautelas brancas, minha rola,
Da grande lotaria que passou,
Da boa, da espanhola.

Já vês, pois, que podemos viver juntos,
Nos mesmos aposentos confortáveis,
Comer dos mesmos bolos e presuntos,
E rir dos miseráveis.

Nós podemos, nós dois, por nossa sina,
Quando o sol é mais rúbido e escarlate,
Beber na mesma chávena da China
O nosso chocolate.

E podemos até, noites amadas!
Dormir juntos dum modo galhofeiro,
Com as nossas cabeças repousadas,
No mesmo travesseiro.

Posso ser teu amigo, até a morte,
E sumamente amigo! Mas por lei,
Ligar a minha sorte à tua sorte,
Eu nunca poderei!

Eu posso amar-te como o Dante amou,
Seguir-te sempre como a luz ao raio,
Mas ir, contigo, a Igreja, isso não vou,
Lá nessa é que eu não caio!

Porto, Diário da Tarde, 20 de Janeiro de 1874.


quinta-feira, 29 de outubro de 2009

LATADA




É uma festa promovida pela comunidade acadêmica da UBI (Universidade da Beira Interior). Sei que esta festa é realizada também em Coimbra, porém foi na Covilhã que tomei conhecimento deste importantíssimo momento cultural de Portugal.
Desde o primeiro dia de aula até hoje, os caloiros, ou seja, os jovens que acabaram de ingressar na universidade, são praxados pelos veteranos (de roupas pretas). A praxe consiste no nosso chamado "trote aos bixos", mas diferentemente de nós brasileiros que fizemos isto em apenas um dia ou no máximo, em uma semana, a praxe aqui dura um mês e é realidada praticamente todos os dias.
A LATADA é a festa que marca o fim das praxes. Aqui, os caloiros para finalizar seus castigos, costumam desfilar como se fosse o um carnaval. Cada curso organiza-se, faz sua roupa, seus carros alegóricos, elaboram um grito de guerra e ainda aproveitam para fazer seus protestos, que podem ser de reclamação ao reitor ou até mesmo dos próprios serviços acadêmicos.
A aceitação do caloiro à praxe é de fundamental importância para sua boa recepção no curso. O caloiro que se recusa a ser praxado, futuramente não terá o prestígio tão almejado de ser veterano e poder praxar os futuros caloiros.
A Latada é uma tradição que para a cidade. Tamanha é a festa que Covilhã inteira vai para as ruas assistir a estes jovens universitários. Além disso, os jovens também cantam o hino da festa. Divirtam-se com a letra:

São bezanas ambulantes, capas negras de estudantes
A beber à desgarrada!
Queres do bom ao carrascão, da Covilhã ao Fundão
Nesta tuna embezanada!
Ti Aurora, Ti Aurora!
Barril dentro barril fora
Vamos todos vomitar.
E em cada vomitadela, enchemos uma panela
Da cantina pró jantar
Quero… Ficar sempre estudante
Manter o figado…
Em destilação constante
E se algum dia…
O figado me faltar
Não há que desanimar, o qué que se faz?
O qué que se faz?
Mete-se um plástico e toca andar!!




sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Conjugando em Portugal


Antes de realizar o intercâmbio eu já sabia, através de livros e de documentários, que aqui em Portugal não utiliza-se o verbo na forma nominal do gerúndio, o que é tão normal e usual para nós brasileiros. Ao conviver com os portugueses na faculdade, na residência e principalmente, assintindo um canal da tv portuguesa (SIC) é que ratifiquei ainda mais esta informação. Aqui eles usam a chamada Perifrástica que é a forma “a+infinitivo”.
Por exemplo, enquanto nós brasileiros falamos
“Já estava sentindo saudades”, os portugueses falam “Já estava a sentir saudades”. Outro exemplo: Falamos “O menino está comendo” enquanto eles
“O gajo está a comer”.
A partir daí passei a entender e adorar ainda mais quando alguns portugueses olham prá mim e dizem:

“Nossa, que giro, você fala brasileiro”. Isto prá mim, como brasileira e gaúcha, não é giro, mas sim, tri legal tchê!

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Relação entre Portugal e São José do Norte/ Brasil


É...realmente Portugal tem grande influência não somente na minha vida, mas também na vida de todos os nortenses. Eis um pouquinho da história que ratifica esta informação.

Situada entre o Oceano e a Lagoa dos Patos, formando uma península, o município era primitivamente habitado pelos índios carijós. Seu desbravamento pelos brancos, só no século XVIII ocorreria e a essa fase estão ligados os nomes de Brito Peixoto, João de Magalhães e Cristóvão Pereira.
Assim, já em 1724, na margem setentrional da barra do Rio Grande, junto a atual cidade de São José do Norte, se estabeleceu um posto de vigilância, visando garantir a posse da barra e o transporte de gado, cada vez mais intenso ao longo do litoral.
Em 1763, quando as forças espanholas atacam a vila de Rio Grande, parte de sua população se refugia do outro lado da barra. Data desse ano a fundação do Arraial de São José do Norte.
Caberia, porém, ao elemento açoriano tornar efetivo o povoamento. Numerosas famílias ali se instalaram e, cultivando a terra, conseguem lugar destacado na produção de trigo.
O nome de São José do Norte apresenta duas versões: a primeira, vem da crendice de que os primeiros habitantes da região depositavam crenças em São José e que os historiadores acrescentaram o nome de "do norte", porque era o município que ficava ao norte no município do Rio Grande; a segunda, é que o nome São José era homenagem ao rei de Portugal, D. José I.
Com relação a origem do nome deve ser acrescentado o seguinte episódio: Na noite de 6 de junho de 1767, as tropas portuguesas, após violentos combates, expulsaram os espanhóis que haviam dominado o território e novamente as terras ficam sob o domínio de Portugal.
Volta a ser hasteada a bandeira lusa por ser o aniversário do Rei. D. José I, nosso município, até então chamado de Norte, Arraial do Norte e Povo do Norte, recebeu o nome de São José do Norte.
Esta restinga conhecida, antigamente, por "Península de Pernambuco - fazendo parte mais tarde do território chamado de Capitania del Rei, Província do Rei, Capitania do Rio Grande, Capitania do Rio Grande do São Pedro, era primitivamente habitada por índios charruas, minuanos.
Com a chegada de Sila Paes e a fundação oficial do Rio Grande, em 1737, toda a região foi beneficiada. Um dos primeiros atos do brigadeiro foi a criação da fazenda Real os Bujurus, em 1738.
Com a criação do município de Mostardas, em 1963, passa a ser considerada, como primeiro núcleo de povoação do município de São José do Norte, a localidade de estreito.
A capela de estreito serviu de matriz e a Igreja era dependência dessa Matriz. A figura representativa do panorama inicial da literatura rio-grandense é a poetisa cega Delfina Benigna da Cunha, cunhada de João Antônio da Silveira, nascida no Pontal da Barra, em 1791.

FONTE: http://www.saojosedonorte.rs.gov.br/portal/?brand=page&key=10AE77

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Brasil x Portugal: palavras iguais com diferentes significações.

Durex: (B)Fita adesiva; (P) Marca de preservativo
Rapariga: (B)Comcubina, meretriz; (P) Menina nova
Banheiro: (B)Cômodo da casa; (P) Salva - vidas
Absolutame: (B)Não, de forma alguma; (P) Confirmação do que foi dito
Apelido: (B)Alcunha, nome informal; (P)Sobrenome
Assobio: (B)Silvo emitido com os lábios; (P)Pequeno instrumento oco, apito
Baderna: (B)Confusão, desordem; (P)Pessoa considerada velha, inútil
Bicha: (B)Homossexual; (P)Fila
Bica: (B)Pequena queda d'agua; (P)Café
Cueca: (B)Roupa íntima masculina; (P)Roupa íntima feminina
Prego:(B)Peça de metal para afixar objetos; (P)Sanduíche


FONTE: Museu da Língua Portuguesa - Estação da Luz

Mapa da cidade de Lisboa com indicações dos principais pontos turísticos e meios de transporte para o possível acesso.

Lisboa antiga


Lisboa, velha cidade
Cheia de encanto e beleza!
Sempre formosa a sorrir
E' ao vestir
Sempre airosa
O branco veu de saudade
Cobre o teu rosto, linda Princesa!
Olhai, senhores,
Esta Lisboa d'outras eras
Dos "cinco reis", das esperas
E das toiradas reais
Das festas, das seculares procissões
Dos populares pregões matinais
Que ja não voltam mais
Lisboa d'oiro e de prata
Outra mais linda não vejo!
Eternamente a brincar
e a cantar de contente!
Teu semblante se retrata
No azul cristalino de Tejo!
BARCO NEGRO
De manhã com medo que me achasses feia!
Acordei tremendo deitada na areia
mas logo os teus olhos disseram que não
e o sol penetrou no meu coracão
Vi depois numa rocha uma cruz
e o teu barco negro dançava na luz
vi teu braco acenando entre as velas já soltas
dizem as velhas da praia que não voltas
são loucas, são loucas
eu sei meu amor nem chegaste a partir
tudo em meu redor
me diz que 'stas sempre comigo
No vento que lança areia nos vidros
na água que canta no fogo mortiço
no calor do leito nos bancos vazios
no meu próprio peito 'stas sempre comigo!
E' OU NÃO E'!
E' ou não e
que o trabalho dignifica
E assim que nos explica
o rifão que nunca falha
E' ou não e
que disto toda a verdade
e que só por dignidade
no mundo ninguém trabalha
orquestra
E' ou não e
que o povo nos diz que não
que o nariz não e feição
seja grande ou delicado
no meio de cara
tem por força que se ver
mesmo a quem não o meter
onde nao e chamado
E' ou nao e
que un velho que a rua saia
pensa ao ver a mini-saia
este mundo esta perdido
mas se voltasse
agora a ser rapazote
acharia que o saiote
e muitissimo comprido
E' ou não e
bondoca a humanidade
todos sabem que a bondade
e que faz ganhar a ceu
mas a verdade
nua sem salamaleque
que tive de aprender e que
ai, de mim se nao for eu
ESTRIBILHO:
Digam lá se e assim ou não e
ai nao não e ai nao nao e
Digam lá se e assim ou não e
ai não não é - Pois é
FADINHO SERRANO
Muito boa noite
Senhoras, senhores!
Lá na minha terra
ha bons cantadores,
ha bons cantadores,
boas cantadeiras
Choram as casadas
cantam as solteiras
cantam as solteiras
cantigas de amores
Muito boa noite
Senhoras, senhores!
O rapaz, conheço
bem a tua ronha
há falinhas mansas
que escondem peconha
que escondem peconha
fazem prejuizo
pede a Santo Antonio
que te de juizo
que te de juizo
Cara sem vergonha
o rapaz, conheco
bem a tua ronha
Fadinho catita
e tão a meu gosto!
Fadinho Serrano
sempre bem disposto
sempre bem disposto
Seja tarde ou cedo.
Fazer bons amigos
e o teu segredo
sorrir ao desgosto
Fadinho catita
e tão a meu gosto!
Confiar nos homens
e crer no diabo
são todos fingidos,
ao fim e ao cabo
ao fim e ao cabo
moça que namora
se vai nas cantigas,
e certo que chora
e certo que chora
e com esta acabo:
confiar nos homens
e crer no diabo
SOLIDÃO
Solidão de quem tremeu a tentação
do ceu e dos encantos que o ceu me deu
serei bem eu sob este veu de pranto
sem saber se sou eu que canto
A tremer imploro o ceu fechado.
triste amor o amor de alguém
quando outro amor se tem abandonado
Ai nao me abandone por mim ninguém
ja se deteu na estrada
tristo amor o amor de algué
n
quando outro amor se tem abandonado
MEIA NOITE
Meia noite e uma guitarra meia vida por viver
e a saudade que se agarra ao cantar de uma mulher
meia noite e uma guitarra, meia vida por viver
pelas ruas mais sombrias passo o tempo que passou
serenatas de outros dias que a voz do tempo cantou
E loucura sem sentido caminhar por onde vou
viver e estar perdido morrer e estar onde estou
Meia noite e metade de viver, meia vida por viver
guitarra triste esquecida que ninguém sabe entender
Meia noite e meia vida sem ninguém pra me entender
Amália Rodrigues